As manifestações de junho entraram para a história de nosso país e o colocaram na história atual das lutas, manifestações e protestos. Nas ruas, os estudantes e o povo gritaram: “Da Copa eu abro mão, quero saúde e educação”. Levantaram ainda muitas outras bandeiras, mas esta marcou. Ficou confirmado que “nunca foi só por vinte centavos”!
Mas não foram somente as manifestações. Em 2013, os trabalhadores não se cansaram de lutar. Os operários da construção civil com suas greves radicalizadas; os professores da rede pública na luta pelos 10% do PIB e pela implantação do piso nacional; os petroleiros que, com a mais forte greve desde 2005, denunciaram Dilma pela entrega do petróleo brasileiro para o capital privado nacional e estrangeiro; os bancários, que expuseram a superexploração a que estão submetidos pela ganância e o lucro dos banqueiros; as mobilizações dos servidores públicos federais. Foram muitas lutas neste ano.
Os embates contra o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) desnudaram as contradições de um estado conservador que impõe um parlamentar homofóbico para a Comissão de Direitos Humanos do Congresso Nacional. As bandeiras contra a violência e por igualdade moveram mulheres por todo o país. O 1º Encontro Nacional de Mulheres do Movimento Mulheres em Luta (MML), que reuniu 2300 lutadoras, expressou os avanços da organização dessas bandeiras entre as trabalhadoras. Em 2013, a luta contra o racismo denunciou novamente que são os negros e pobres das periferias os mais afetados pela violência policial neste país, e gritou: Somos todos Amarildo!
As ocupações urbanas trouxeram mais uma vez à tona a cruel situação em que vivem setores mais pauperizados da sociedade que nem sequer conseguem pagar seus alugueis: Ocupação Esperança, em Osasco (SP), e Ocupação Willian Rosa, em Contagem (MG) são dois exemplos expressivos dessa perseverança na luta por moradia e que se espelham na inesquecível batalha do Pinheirinho e tantas outras lutas e resistências que ocorrem com a mesma energia e garra, seja em São Paulo, Amazonas ou qualquer outra parte de nosso país.
Foi também um ano de muitas lutas em todo o mundo. Ocorreram greves na Europa contra a retirada de direitos por causa da crise do capital, revoltas no norte da África contra governos ditatoriais e na America Latina com mobilizações em vários países. É neste contexto que foi fundamental a realização do Encontro Internacional do sindicalismo alternativo e de luta, em março na França, com representantes de mais de 30 países. Surge então a Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas. Este encontro cumpriu um papel fundamental para avançarmos na solidariedade e nas iniciativas para ações de lutas articuladas em todo o mundo.
A CSP-Conlutas se orgulha de ter estado presente em muitas dessas lutas. Nossa Central manteve e unificou o seu programa ao das mobilizações dos trabalhadores, das lutas contra as opressões, do movimento popular urbano e rural e da juventude. Para além de nossas fronteiras orgânicas, depositamos nossas forças no chamado à unidade com os mais diversos setores, desde o Espaço de Unidade de Ação à outras centrais sindicais. No ano que se encerra podemos contabilizar a realização de uma marcha que reuniu mais 25 mil trabalhadores em Brasília e dois dias nacionais de paralisações contra a política econômica do governo.
Se de um lado os trabalhadores e estudantes foram à luta em 2013, do outro o governo das três esferas e os patrões não deixaram por menos no contra ataque. Assim a repressão às manifestações, a judicialização, com o “enquadramento” de ativistas em “formação de quadrilha”, as punições administrativas ou demissões, sumiços, sequestros e assassinatos foram a tônica de nossos opositores que, agora, buscando enfraquecer a nossa organização, anunciam a regulamentação da proibição das greves no período da Copa do Mundo e as já famosas (pelo seu signo reacionário) leis da Copa e “antiterror”.
O norte de nossa intervenção em 2014 continuará sendo manter e intensificar as lutas contra a criminalização dos movimentos sociais, em defesa da saúde, educação, transporte, moradia e pela reforma agrária. Nossa militância estará ao lado dos atingidos pela Copa, no enfrentamento à cúpula dos BRICS, nas manifestações de rua durante a realização da Copa do Mundo, no chamando à unidade e nos apoiando nas ações das categorias em suas campanhas salariais, bem como nas ações dos movimentos de luta contra as opressões, camponeses, estudantes e de luta por moradia.
A preparação dessas mobilizações já começou. Os servidores públicos federais já estão organizado sua campanha salarial, os operários da construção já estão com manifestação nacional marcada para maio em Brasília, os trabalhadores da educação básica já indicam retomar a luta nacional pelo piso nacional no início do ano, trabalhadores dos transportes e estudantes se estão começam a se mobilizar contra o aumento das tarifas.
Buscaremos dar um sentido comum a essas lutas e lutaremos para unificá-las durante a “Contracúpula” dos BRICS e na Copa do Mundo.
Sabemos dos limites de nossas forças, tanto quanto nos orgulhamos de tê-la, assim nos dirigimos a cada um de nossos aguerridos militantes, que compõem as entidades filiadas à Central para dizer-lhes: Agora é hora de desfrutar desse curto período festivo com nossos familiares e amigos. É hora das festas de final de ano!
E daqui a pouco vamos encarar 2014, não somente como um ano de Copa e eleições, mas como um importante ano para as lutas de nossa classe, já que o signo de junho nos aproximou dos cenários das lutas internacionais.
Boas festas e, logo depois, vamos agarrar 2014 com as mãos!
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