domingo, 13 de maio de 2012

Organização de base para fortalecer a CSP-Conlutas e as lutas dos trabalhadores!

No final da tarde de sábado, segundo dia de Congresso, o painel sobre “Organização de Base nos locais de trabalho, de moradia e nas escolas” mobilizou o plenário e foi também um dos temas principais do Congresso. Não foi à toa o tema “Avançar na organização de base”.

À mesa, o secretário executivo nacional da CSP Conlutas, José Maria de Almeida; do dirigente do MTST, Felipe Brito; e do coordenador nacional do Movimento Terra Trabalho e Liberdade (MTL), João Batista da Fonseca, refletiram sobre como organizar os trabalhadores em seus locais de trabalho, na luta pela moradia e por terras. Como garantir que os próprios trabalhadores se organizem em seus espaços para efetivamente serem os protagonistas de suas lutas.

Dentro desse contexto, a questão territorial das cidades e do campo, bem como os danos causados pela política dos Governos, com destaque para os danos causados pela vinda da Copa do Mundo e das Olimpíadas, também foram assuntos tratados no debate.

Zé Maria, o primeiro a falar, abordou o problema da burocratização sobre o movimento sindical, a importância da organização nos locais de trabalho e a necessidade da construção da Central sustentada por pelo pilar da organização de base. A educação para a autodeterminação, segundo o membro da Executiva da Central, significa estimular no trabalhador a ideia de que ele é dono do seu destino e aquilo que ele decidiu coletivamente tem que ser soberano. 

Por outro lado, o dirigente lembrou o processo de burocratização pelo qual passou a CUT e mencionou um questionamento muito comum entre os trabalhadores: O que vai garantir que a CSP-Conlutas não se transforme numa nova CUT daqui a alguns anos?

“Responder a essa pergunta de forma positiva é que nos impõe a demanda de promover essas mudanças profundas na nossa forma de organização”, disse referindo-se ao projeto político de organização de base. Ou seja, a democratização dos sindicatos, que diz respeito à importância da presença do sindicato nos locais de trabalho; o fortalecimento das lutas, que ocorre com os trabalhadores organizados em cada local de trabalho e, por fim, respeitar efetivamente a autodeterminação dos trabalhadores: são eles quem decidem.

Entre as iniciativas que permitem avançar no trabalho de base, foi lembrado o quanto o movimento desperdiça os organismos já existentes como as Cipas (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) e as comissões de base ou de locais de trabalho. São formas de organização são fundamentais no processo de fortalecimento da Central pela base.

Felipe fez um histórico da ocupação urbana no Brasil. Ele tomou como exemplo a Favela da Praia do Pinto, da década de 1930, removida no Governo Negrão de Lima no Estado da Guanabara. “Os ocupantes foram jogados para lugares isolados da área urbana”, disse. Explicou ainda que os mega eventos como copa e olimpíadas são ferramentas utilizadas para implementar a política de cidade-empresa e não servem para reforma urbana. “Isto é, ao contrário da propaganda oficial de ser bom para o Brasil, na realidade, prejudicam a milhares no país. Copa e olimpíada significam despejos e ataques à classe trabalhadora”, garantiu.

João Batista destacou o avanço que significou a criação da CSP Conlutas no combate às formas tradicionais de organização tuteladas por governos e patrões. Reforçou de que o burocratismo não é conclamado pela Central, que defende efetivamente a participação da Bse nas decisões. “Não temos que ter medo de dizer que combatemos o autoritarismo e que construímos gestões democráticas em todos os espaços, com participação da base nas fábricas, repartições, escolas, na juventude, nas ocupações urbanas, rurais e nos assentamentos”, afirmou. Apresentou também a proposta do MTL de promover empreendimentos de autosustentação e autogestão nos assentamentos e acampamentos rurais organizados pelo movimento.

As intervenções dos camaradas da plenária trataram do enfrentamento à criminalização dos movimentos e dos trabalhadores. Além de outros assuntos, em sintonia com o conteúdo abordado por palestrantes, como a questão dos agrotóxicos e das CIPAS.

Camila, professora da rede estadual de são Paulo e do Movimento Mulheres em Luta, compartilhou com o público da plenária parte do debate do 1º Encontro de Mulheres Trabalhadoras. Ela citou como bom exemplo de organização de base o caso das companheiras da organização civil de Belém, uma categoria que tem maioria masculina. Graças à iniciativa do sindicato, de organizar as mulheres trabalhadoras, existem 7 delegadas da categoria nesse congresso. “É importante que os sindicatos tenham mais olhos e mais ouvidos nos locais de trabalho. E quando nós vamos aos locais de trabalho, nós podemos ver as necessidades das mulheres”, disse.

A organização de base é vital para o fortalecimento e consolidação da CSP-Conlutas e do avanço das lutas da classe trabalhadora. A luta da Central, conforme dito no painel, não é somente melhorar o salário e as condições de trabalho, ela busca uma dimensão política maior: a transformação dessa sociedade para uma sociedade libertária governada pelos trabalhadores.

Por Lara Tapety – SINDSEF-SP

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